Mulher todos os dias

 

Não me agrada este dia em que se assinala o dia Internacional da Mulher.  Assim como o Dia Internacional do Homem, celebrado a 19 de novembro, mas tão pouco falado que eu desconhecia que existia.

Mas entendo melhor porque o celebram depois de ler sobre o assunto.

A ideia de uma celebração anual do dia da Mulher surgiu depois do Partido Socialista da América organizar a 20 de fevereiro de 1909, uma jornada de manifestação pela igualdade de direitos civis e a favor do voto feminino. O que fez com que este dia fosse celebrado todos os anos mesmo que sem data definida.

Mais tarde, a 8 de março de 1917, na Rússia Imperial, organizaram um movimento de mulheres em protesto contra a fome, o desemprego e as condições de vida no país. A este protesto juntaram-se os operários metalúrgicos o que despoletou a Revolução de 1917. E o dia da mulher passou a ser comemorado nessa data na Rússia e em todos os países do bloco soviético.

As Nações Unidas instituíram, anos depois, o dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher e hoje a data é comemorada em mais de 100 países como um dia de protesto por direitos de igualdade de género, e com o objetivo de relembrar as conquistas sociais, politicas e económicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais ou politicas.

Mas o caminho é longo e a violação dos direitos das mulheres ( dos direitos humanos ) ainda é uma realidade chocante no mundo e na sociedade, sobretudo se olharmos para os números da violência doméstica e de mortes de mulheres do último ano em Portugal.

Até 12 de Novembro, as estatísticas realizadas pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), apontavam para a morte de 28 mulheres e 27  tentativas de femicídio em 2019. Com duas mais recentes mortes à data, a contagem de mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica sobe para 30, número que ultrapassa as 28 mortes registadas em 2018 por esta organização.

Já o testemunho da Nobel da Paz da Nadia Murad no livro ‘ Eu serei a última ‘ de 2018, ou o trabalho de Amal Clooney pelos direitos humanos, dão-nos uma visão mais ampla da realidade a que muitas mulheres estão sujeitas pelo mundo.

O dia da mulher, da igualdade de direitos e do respeito pelo que cada mulher representa na família e na sociedade não tem dia. São todos os dias. Deveriam ser todos os dias.

 

 

 

 

Partilhar:
Iva Lamarão

Iva Lamarão

Deixe um comentário