Corpos cetónicos: os protagonistas da dieta

Quando o objetivo é manter o corpo em forma, as idas ao ginásio são grandes aliadas na operação biquíni. Mas é importante conhecermos o nosso organismo em termos bioquímicos e fisiológicos.

A dieta cetónica entrou em moda, parece ser o ‘milagre antigordura’ e pode na verdade ser o outro apoio para atingir a forma ideal! No entanto e segundo a indicação dos médicos, a dieta saudável será aquela que contém 55 a 75% de carbohidratos, 10 a 15% de proteínas e 15 a 30% de gorduras.

Mas antes de qualquer conclusão comecemos por falar em corpos cetónicos e em todo o processo envolvido.

 

Os corpos cetónicos são três compostos que apresentam o grupo funcional cetona, produzidos através da quebra de ácidos gordos no fígado. São eles o acetoacetato, o beta-hidroxibutirato e a acetona.

A cetose (síntese de corpos cetónicos) ocorre na mitocôndria das células do fígado e dá-se devido ao excesso de Acetil-CoA formada durante a oxidação de ácidos gordos. Acontece então a condensação de duas moléculas de Acetil-CoA que são catalisadas pela tiolase para a formação do acetoacetil-CoA, precursor dos três corpos cetónicos. O acetoacetil-CoA condensa-se com a acetil-CoA e é formado o beta-hidroximetilglutaril-CoA, o qual é quebrado e origina o acetil-CoA e o acetoacetato livre.

O acetoacetato livre pode ser reduzido nos dois outros corpos cetónicos quando é descarboxilado… Forma-se a acetona (1), numa reação espontânea ou causada pela ação da enzima acetoacetato descarboxilase e quando é catalisado pela enzima D-beta-hidroxibutirato desidrogenage (uma enzima mitocondrial) formando-se o beta-hidroxibutirato ( 2 ).

 

acetoacetato → acetona + CO2                                           (1)

acetoacetato + NADH ↔ D-β-hidroxibutirato + NAD+   (2)

 

O beta-hidroxibutirato é combustível para os tecidos extra-hepáticos. É levado pela corrente sanguínea e é convertido em acetoacetato, uma reação catalisada pela mesma enzima que permite a metabolização do beta-hidroxibutirato no fígado. O acetoacetato, o qual é ativado com uma enzima fornecida pelo succinil-CoA, permite a metabolização do acetoacetil-CoA e este formado, sofre cisão tiolítica e o acetil-Coa formado é oxidado a CO2, no ciclo de Krebs, sendo usado na produção de energia.

A produção de corpos cetónicos é um processo fisiológico, mas quando acontece de forma excessiva torna-se uma patologia. Nestes casos temos a cetose ( elevados corpos cetónicos no sangue ) e a acidose ( diminuição do pH do sangue ).  Também se encontra corpos cetónicos na urina (cetonúria) quando a cetogénese esta muito acelerada, o que é um sinal de descompensação da diabetes. Mas há outras patologias associadas, como o cancro.

Por isso há que ter em conta o efeito ‘secundário’ e as restrições de cada um com a dieta cetónica.

A principal diferença é que se trata de uma dieta ‘low carb’ em relação às tradicionais dietas de baixas calorias. Supostamente e segundo os experts na matéria, uma super aliada quando o objetivo é emagrecer e controlar o apetite.

 

 

Ao manter a ingestão de carboidratos baixa irei limitar a disponibilidade de glicose, forçando o organismo a valer-se da gordura dos alimentos e da gordura armazenada para funcionar. O que não é novidade!

A novidade neste processo, para mim pelo menos, é que para o organismo entrar em cetose é necessário não ultrapassar os 20 gramas de carbohidratos líquidos por dia. Mas note-se que, embora a cetose ajude muito a emagrecer, não é obrigatório estar em cetose para perder peso.

Para fazer esta dieta, deve-se eliminar todos os alimentos ricos em carbohidratos como pão e o arroz e aumentar o consumo de alimentos como carnes, ovos, queijos, castanhas, nozes e pequenas quantidades de frutas e legumes.

 

 

Antes de começar esta dieta tão restritiva aconselhe-se com um nutricionista que irá adequar o processo ao seu peso, idade, condição clinica e objectivos.

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Iva Lamarão

Iva Lamarão

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