Joana Gaspar Prémio Europeu para jovem investigador na área da Diabetes

 

Partilhámos a bancada do laboratório, numa altura em que trabalhava na minha tese de mestrado, na mesma área de estudos, a sensibilidade à insulina.

Acabei por seguir outro caminho, mas ela continuou o seu trabalho e recentemente ganhou o Prémio Europeu para jovem investigador da Federação Internacional de Diabetes.

 
Fala-me do teu trabalho sobre o estudo da sensibilidade a insulina, o que tens feito ?

A nossa equipa de investigação está focada no estudo dos sinais induzidos pela alimentação, que aumentam a sensibilidade à insulina como resposta à ingestão de determinados nutrientes.

O fígado é um dos órgãos chave que integra estes sinais alimentares, permitindo uma melhor sensibilidade à insulina por parte de outros órgãos, como é o caso do músculo esqueléticos, coração e rins.

Estudos recentes indicam que a insulina é captada e metabolizada pelo fígado o que leva à produção de novas moléculas que aumentam a sensibilidade à insulina, contribuindo para uma regulação mais eficaz dos níveis de glicose após as refeições.

O nosso principal objetivo com este trabalho é perceber fisiologicamente como o nosso organismo aumenta a sensibilidade à insulina, e assim tentar encontrar marcadores que permitam diagnosticar precocemente a resistência à insulina. O que poderá ajudar a prevenir a progressão da doença.

 

As diabetes é uma doença silenciosa que afeta uma parte da população e não tem cura…

A diabetes tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou quando não produz insulina suficiente para controlar os níveis de glicose (açucar) no sangue.

É uma doença que afecta principalmente adultos. Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2, em Portugal . Especificamente 1 em cada 10 pessoas tem diabetes, sendo de extrema preocupação que cerca de metade das pessoas não saiba que tem a doença.

É considerada uma doença silenciosa, uma vez que os sintomas são muitas vezes confundidos com aspectos da agitação nosso dia a dia (cansaço, sede excessiva, apetite incontrolável..).

Embora tenha uma forte componente hereditária, este tipo de Diabetes pode ser prevenido controlando os fatores de risco modificáveis (cuidados com a alimentação, sedentarismo, tabaco, entre outros).

 

Que avanços surgiram nesta área. E que implicação terá no futuro…

Todos os dias novos avanços surgem no campo da investigação em diabetes, pequenos avanços que nos ajudam a compreender melhor a doença e os fatores que contribuem para o seu aparecimento. O que torna possível desenhar novas estratégias quer de prevenção quer de tratamento.

No entanto ainda estamos longe de “sonhar” com a cura para esta doença. A maioria dos avanços tecnológicos tem como objectivo facilitar e melhorar a qualidade de vida destes pacientes.

 

Venceste o Prémio Europeu para jovem investigador da Federação Internacional de Diabetes. Foi importante para ti?

Sim, é sempre bom sermos reconhecidos pelo nosso esforço e dedicação ao trabalho. É um sinal de que o nosso esforço pode ser importante e ajudar as pessoas.

Espero que a médio-longo prazo seja mais um passo para a continuação do reconhecimento pela comunidade cientifica e que ao mesmo tempo ajude a divulgar a problemática que é esta doença e o quão importante é a investigação nesta área.

 

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Iva Lamarão

Iva Lamarão

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