Estamos a travar uma guerra, dizem. Uma guerra contra um inimigo desconhecido, que ataca silencioso. E que rapidamente fez parar o mundo.
Estamos com medo pelos mais velhos, mas ninguém está a salvo. Nem os jovens, nem os saudáveis.
Ovar está em estado de calamidade há uma semana. Ninguém entra, ninguém sai. Pelo menos assim deveria ser. Os meus pais esperam em casa que o tempo passe e que a ‘tempestade’ dê uma trégua para finalmente estarmos juntos e a salvo novamente.
Os mais conscientes seguem as indicação da DGS e ficam em casa. Tomam todos os cuidados e seguem as regras desta nova vida com toda a atenção que a situação merece. Mas há quem desvalorize a força do corona vírus. Talvez julgando-se humanos com a vantagem de uma imunidade inata, capaz de os manter escudados deste vírus que já fez mais de 400.000 casos de infeção em todo o mundo e 18.040 mortos, em 175 países e territórios.
Nestes tempos em que o mundo está em pausa, os hospitais estão a abarrotar. Os profissionais de saúde exaustos. Falta material de proteção, faltam camas para os doentes. Mas a força de que precisam para combater nesta luta mantém-se firme, dia e noite.
Batem-se palma das janelas do isolamento a este exército da saúde. Aos que tomam as decisões e estão na linha da frente do comando do país. Aos que trabalham para nos trazer a informação ao minuto e nos dão algum conforto. E aos que mantém os postos de trabalhos ativos para garantir que os bens essenciais chegam as nossas casas, porque mesmo em pausa a vida continua.
A todos eles sem exceção ‘agradecer’ não chega, mas serena e encoraja. Estão todos a fazer um bom trabalho. Mas o inimigo mantém-se forte.
E o mundo não vai ser o mesmo depois do Covid-19. No meio da doença, do caos e da emergência, é tempo de parar! De ficar em casa!
A ironia do universo é que o planeta está menos doente e retoma a normalidade dos ciclos. As imagens que a NASA tem divulgado provam que a poluição mundial diminuiu. O rios tem águas mais cristalinas, os peixes regressaram. São vistas borboletas a anunciar a primavera, com cores que não se viam há muito. E até os golfinhos voltaram ao Tejo.
Já os humanos estão confinados ao seu próprio isolamento, repensam os dias. Passam tempo em família. Mostram-se sem filtros, na sua essência. Na banalidade do dia a dia, provando que afinal somos todos iguais. Este é um inimigo de todos!
Eu acredito que nada do que acontece ao longo da nossa existência acontece por acaso. Talvez aprendamos algo com tudo isto.