Os dias de quarentena já vão longos. O covid-19 mantém-se incessante e a única forma de o travarmos é mantermo-nos em casa.
Certo é que mesmo que estar em casa pareça o ‘mais’ fácil dos cenários nestes tempos de pandemia o confinamento, sem data de término, torna-se complicado sobretudo quando os pais se dividem em teletrabalho e a atenção às crianças.
A conversa com a pedopsicologa Sara Almeida Girão num direto desta semana mostrou-se pertinente para responder a algumas dúvidas que as seguidoras me foram colocando.
Não tem sido fácil motivar o estudo das crianças em casa. Há mil e uma distrações e a vontade é a de estar em pijama com mínimo das obrigações que um dia ‘normal’ de aulas implica. Definir recompensas diárias sob a forma de jogos e atividades em família, escolhidas pela criança, é segundo a opinião da pedopsicóloga uma forma de tornar o estudo mais estimulante durante a quarentena.
Também organizar o quotidiano para o dia seguinte deve ser negociado com a criança/ adolescente, para que o mesmo se sinta comprometido e para que cumpram as regras. Desta forma também o pai e mãe conseguem gerir da melhor maneira o teletrabalho e o acompanhamento das aulas, sendo que o ideal segundo a Sara, é que dividam quem fica em teletrabalho e quem se ocupa de supervisionar as tarefas escolares.
Nesta fase, há ainda a dúvida se por estarem muitas horas completamente dedicado às crianças, estas não ficariam mimadas demais. Mas ‘ se chamamos mimo ao carinho, atenção e disponibilidade, nunca é a mais.
Passa a ser mimo e fará mal se implicar ausência de regras, de limites e de capacidade dos pais para dizer não’ refere Sara Almeida.
E em casa há tempo para o estudo e para as atividades lúdicas, que para algumas crianças são também de acesso às tecnologias. A pedopsicóloga adverte que ‘ nas crianças em idade escolar e adolescentes, as tecnologias são o “ novo recreio” o “ novo pátio” e é natural que o usem, mais uma vez devem ser definidos com antecedência os tempos autorizados para tal ‘ . O que provavelmente é o que muitos pais já faziam em tempos ditos ‘ normais’ .
Importante é também perceber como as crianças, em diferentes idades, vivem estes tempos únicos de pandemia global. Sara explica-nos que ‘ as crianças mais pequeninas até aos 6 anos, vão apresentar dificuldade em compreender o que se está a passar, e vão querer muita atenção porque os pais estão em casa e isso deixa-as muito felizes( é saudável é normal – sejam pacientes mas mantenham rotinas) – as crianças em idade escolar e os adolescentes vão precisar muito que estejam defendidas as regras e o quotidiano ( do quadro que falei anteriormente) para que possam cumprir’.
Vivemos estes dias também com a certeza de que mais cedo ou mais tarde tudo volta à normalidade. Sairemos em breve, esperemos nós, para os nossos empregos e as crianças voltarão às aulas presenciais das quais, acredito eu, devem sentir já bastantes saudades. Mas como preparar os mais pequenos para o ‘ regresso à normalidade ‘?
A pedopsicóloga responde-nos que ‘ não vai ser necessário! O cérebro humano gosta e precisa de rotinas! Rapidamente voltarão felizes a esta realidade! ‘.