O mundo acompanha perplexo a tragédia que tem assolado a Austrália nos últimos tempos. O país tem estado a braços com uma tempestade perfeita com trovoadas secas combinadas com um tempo quente e seco, que criaram as condições ideais para que as chamas voltem a devastar áreas de floresta que afetam sobretudo a área de Nova Gales do Sul.
Dados dos serviços estaduais e territoriais de bombeiros, mostraram que em Nova Gales do Sul estavam ontem ainda 119 incêndios ativos, 50 dos quais estão fora de controlo.
Em números, estima-se que 24 pessoas tenham perdido a vida. E mais de 10 milhões de pessoas apresentam intoxicação pelo fumo dos incêndios. Mas a maior diferença é ambiental, com cerca de 8 mil coalas mortos, mais de 500 mil animais, incluindo animais domésticos, perderam a vida. Mais de 5 milhões de hectares de terra foram queimados.
Estes números deixam-me triste e impotente. Pouco posso fazer além de falar no assunto. Podemos fazer a diferença nas nossas atitudes diária, mas a tentativa de reverter a crise climática, esta e outras catástrofes que tem vindo a destruir o planeta, vai muito além do cidadão comum.
Mais triste deixam-me as noticias relativas às politicas australianas no combate ao controlo animal por ‘ razões humanitárias e ambientais ‘.
Segundo várias páginas da imprensa australiana, cerca de 10 mil camelos serão abatidos a partir de helicópetros nos próximos dias porque estão a invadir casas e a beber demasiada água. O problema é cada mais grave, principalmente na Austrália Meridional, zona que tem sido afectada por uma seca extrema.
Este tipo de medidas não são uma novidade no país que em 2013 abateu cerca de dez mil cavalos selvagens. Já em 2019, o Governo anunciou que pretendia matar cerca de 2 milhões de gatos vadios até 2020.
Mas foquemo-nos no cerne da questão, a tragédia ambiental e a crise climática.
De acordo com o académico Stephen Pyne, autor de um livro sobre a história de fogos na Austrália, os fogos mais mortíferos de que há registo ocorreram em 2009 num dia que ficou conhecido como “Sábado Negro”, em que morreram 173 pessoas.
Outros estão no registo das piores catástrofes humana e ambientais em termos de incêndios no país. Mas Pyne notou que o número de fogos maciços e de grande destruição tem vindo a aumentar nas últimas décadas, sublinhando que isto sugere um impacto adicional das alterações climáticas a potenciar riscos, que neste período do ano já são elevados.
O governo e seus ministros reconhecem que ‘ o clima está a mudar ’ mas em todas as entrevistas e ações de imprensa evitam entrar na discussão sobre uma ação política para conter o aquecimento global.
Na segunda-feira dia 6 de janeiro de 2020, a chuva trouxe alívio a partes da Austrália e as temperaturas caíram. Mas autoridades disseram que os incêndios podem voltar intensificar-se .
Nem tudo são más notícias. O Animal Rescue Craft Guild declarou que foi inundado com ofertas de ajuda depois de ter pedido para que fizessem chegar peças de proteção para morcegos, bolsas para cangurus, ninhos de pássaros, luvas para coalas, entre outras. As doações chegaram de lugares tão distantes como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Hong Kong, França e Alemanha.
Na ajuda humanitária, a Austrália vai canalizar dois mil milhões de dólares australianos (1,2 mil milhões de euros) para a recuperação de áreas afetadas pelos incêndios, anunciou o primeiro-ministro australiano Scott Morrison. Dinheiro que será distribuído nos próximos dois anos e gerido por uma nova agência dedicada à reconstrução de casas e infraestruturas danificadas.